Uma boa alimentação, composta por frutas, legumes, raízes, carnes e ovos, por exemplo, são saudáveis e excelentes fontes de vitaminas, minerais, dentre outros compostos indispensáveis para a manutenção da saúde e prevenção de doenças, inclusive as que aumentam o risco de complicações da Covid-19, como hipertensão, obesidade e diabetes. Mas afinal, o que é um sistema imunológico?
De acordo com a Doutora Carla Ferner (CRM 9619), médica imunologista com atuação na área de prevenção, longevidade e performance física, podemos entender o sistema imunológico como um verdadeiro exército de defesa que está sempre de prontidão, monitorando a entrada de “invasores” como vírus, bactérias, macromoléculas ou algo que ele identifique como estranho ao organismo.
“Formado por várias células, moléculas e órgãos que agem de maneira coletiva e organizada gerando a resposta imune, que apesar de ter a intenção de buscar o equilíbrio e proteção desse organismo, pode em determinadas circunstâncias exagerar na reação provocando as conhecidas doenças autoimunes”, explica a doutora.
De acordo com o Saúde Brasil do Ministério da Saúde, existem quatro tipos de alimentos: in natura, minimamente processados, processados e ultraprocessados. O ideal para uma boa alimentação é que a base dela seja de alimentos in natura ou minimamente processados.
Segundo Dra. Carla, para que essa resposta imune aconteça, muitas reações bioquímicas acontecem e estão na dependência de vitaminas, minerais e aminoácidos que são extremamente importantes. “O trato gastrointestinal funciona ativamente na imunidade já que 70 a 80% da imunidade é mediada ali, o que nos obriga a ter uma microbiota intestinal saudável”, afirma.
A doutora ainda completa: “Existem vitaminas que ocupam o papel de destaque na imunidade, mas não devemos nunca pensar em vitaminas ou minerais de maneira isolada uma vez que eles mantem uma inter-relação grande onde um complementa o outro. Portanto, usar apenas uma vitamina especifica pode não ajudar a manter um sistema imune ativo. O importante é o equilíbrio da alimentação. Destaques para Vitamina D, Vitamina C, Zinco, Ômega 3”.
Doutora Carla Ferner reforça que uma alimentação composta por alimentos de verdade, pouco industrializados, com muitas frutas, verduras e legumes, continua sendo a melhor forma de adquirir essas vitaminas. Quanto a vitamina D, a médica esclarece: “A relação entre a vitamina D e a necessidade de exposição ao sol por um período de 15 minutos diários sem protetor solar é fundamental, mas atenção, são apenas 15 minutos. Alguns casos precisarão da suplementação de vitaminas e minerais específicos, que antes devem ser avaliados do ponto de vista bioquímico pelo médico que acompanha o paciente”, avalia.
Doutora Carla revela ainda que a falta de nutrientes pode nos prejudicar de maneira ampla no funcionamento do organismo humano. Os nutrientes são responsáveis por aportar toda a energia que precisamos para funcionar os todos os sistemas e não apenas o imunológico. O Guia Alimentar para a População Brasileira, publicado em 2014, é uma das estratégias da Política Nacional de Alimentação e Nutrição e da Política Nacional de Promoção da Saúde que dispõe de maneira didática, as recomendações atuais para orientar a população a fazer valer esse direito.
Como ter hábitos mais saudáveis? De acordo com Dra. Carla Ferner, dando o primeiro passo. “Esse primeiro passo pode ser apenas o reconhecimento da necessidade de mudar, de focar em autocuidado, de ser mais saudável. A partir daí, escolher o médico e um nutricionista que vai te ajudar nessa caminhada: com o médico seu check-up nutrológico e com o nutricionista seu plano alimentar individualizado e quantificado. Esses dois profissionais juntos, vão te ajudar a escolher os melhores caminhos em busca de um estilo de vida saudável”, afirma a doutora.
A ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia enfatiza a necessidade de acompanhamento sistemático do estado nutricional através de uma avaliação periódica (check-up nutrológico) para permitir, inclusive, o diagnóstico precoce de possíveis desequilíbrios nutricionais. Doutora Carla Ferner explica que o check-up deve ser feito com uma periodicidade anual onde toda a parte clínica e nutricional seja avaliada de forma individualizada, visando sempre a promoção da saúde e não apenas o tratamento da doença.
“Avaliar hábitos, estilo de vida, disponibilidade genética para alguma doença onde o gene pode ser silenciado, através mudanças de hábitos de vida, não permitindo que a doença se manifeste. Isso associado a pesquisas bioquímicas realizadas através de exames laboratoriais gerais e específicos, exames de imagem, entender como está a microbiota desse paciente, quais os alimentos que ele é intolerante entre outros exames funcionais. Tudo isso nos permite ter um conhecimento seguro e especifico para complementar o que não está chegando através da alimentação”, aponta a médica.
Vale lembrar que a inclusão de alguns nutrientes em uma dieta equilibrada reforça as defesas do corpo contra infecções como a Covid-19. “Um corpo saudável não vai impedir a contaminação pelo SARS-CoV-2, mas fica muito mais preparado para enfrentar todas as alterações danosas que o vírus pode promover”, finaliza Dra. Carla.