De acordo com o Ministério da Saúde, Candida auris (C. auris) é um fungo emergente que representa uma grave ameaça a saúde global e foi identificado pela primeira vez como causador de doença em humanos em 2009, no Japão. Algumas cepas de C. auris são resistentes à todas as três principais classes de fármacos antifúngicos e sua identificação requer métodos laboratoriais específicos, uma vez que C. auris pode ser facilmente confundida com outras espécies de leveduras, tais como Candida haemulonii e Saccharomyces cerevisiae.
Em dezembro de 2020, o Labchecap Laboratório de Análises Clínicas identificou o superfungo, que até aquele momento, não havia sido encontrado no Brasil. A Microbiologista e Analista Clínico Sênior do Labchecap, Claudia Portela (CRBM 2804) repetiu a identificação e confirmou a cepa, encaminhada em seguida ao Lacen/BA para realização de testes confirmatórios. Segundo Claudia, o momento da avaliação do crescimento na placa ocorreu após 48 horas de incubação à temperatura de 35ºC.
“Considera-se como cultura positiva as que apresentam uma contagem igual ou superior a 15 colônias. Foi observado o crescimento de uma bactéria com cerca de 22 colônias que posteriormente foi identificada como Pseudomonas aeruginosa, e outro micro-organismo com características morfológicas de levedura com cerca de 35 colônias. A levedura foi semeada em meio específico e, após 24 horas de incubação, foi identificada pelo sistema VITEK 2 versão 8.01 como Candida auris (97% de probabilidade)”, informa a microbiologista.
Como já divulgado por diversos canais de comunicação, o paciente do sexo masculino que estava internado há 43 dias em unidade de terapia intensiva no Hospital da Bahia com Covid-19, não possuía histórico de viagens internacionais recentes. “A cepa foi isolada em uma ponta de cateter deste paciente, com história anterior de trombose devido a complicações da Covid-19. O paciente estava sob ventilação mecânica, fazendo hemodiálise e utilizando cateter venoso central”, informa Claudia Portela.
A Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, emitiu uma nota técnica informando orientações sobre a Candida auris. “Candida auris é um fungo emergente que representa uma grave ameaça à saúde global, pois pode causar infecções invasivas, que são associadas à alta mortalidade, pode ser multirressistente e levar à ocorrência de surtos nos serviços de saúde”, informa o órgão.
De acordo com o CDC – Centro de Controle e Prevenção de Doenças, o superfungo pode causar infecções graves na corrente sanguínea e em outros sítios. Os pacientes de risco são aqueles internados em unidade de terapia intensiva, que realizam muitos procedimentos invasivos, que estão com a imunidade diminuída por outras doenças de base ou pelo uso prolongado de antibióticos, antifúngicos e corticoides.
O setor de Microbiologia Clínica do Labchecap possui uma equipe formada por profissionais especialistas, capacitados para atuar com técnicas e equipamentos padronizados e referenciados como “padrão ouro” no mercado. Estamos constantemente atentos às novas diretrizes aplicadas ao Brasil (BrCAST-EUCAST) e aos comunicados de risco e alertas epidemiológicos emitidos. Isso nos permitiu ser o primeiro laboratório do Brasil a isolar e identificar a Candida auris. Atualmente, estamos desenvolvendo pesquisas em parceria com o Instituto Adolfo Lutz em São Paulo e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) nos Estados Unidos.
*Informações referentes ao paciente do hospital, foram embasadas pela microbiologista no seguinte artigo: NOBREGA, et al., Emergence of Candida auris in Brazil in a COVID-19 Intensive Care Unit. Journal of Fungi, doi: https://doi.org/10.3390/jof7030220, 2021.